Aceite o que é simples!

Lucas 4:18-22 > “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor.”

“Tendo fechado o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e todos na sinagoga tinham os olhos fitos nele. Então passou Jesus a dizer-lhes: Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir. Todos lhe davam testemunho, e se maravilhavam das palavras de graça que lhes saíam dos lábios, e perguntavam: Não é este o filho de José.”

Ao ler esse texto e não só este, mas vários outros referentes a Jesus, como este de Marcos capítulo 6 -- “ Chegando o sábado, passou a ensinar na sinagoga; e muitos, ouvindo-o, se maravilhavam, dizendo: Donde vêm a este estas coisas? Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais maravilhas por suas mãos? Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E não vivem aqui entre nós suas irmãs? E escandalizavam-se nele.”-- passo e refletir sobre a incapacidade que o ser humano, em geral, tem de aceitar que sabedoria, poder, coisa boa e maravilhas possam vir do que é simples.

Jesus em Lucas diz a todos que a profecia de Isaías se cumpria nele e o argumento que eles usaram pra não aceitar isso foi o de que ele era filho de José, um carpinteiro que vivia ali com eles, portanto, já que todos os dias conviviam com ele, seu pai e sua família, ficava impossível pra eles aceitarem que ele seja o salvador deles, ou seja, o único argumento foi o de que a simplicidade era o suficiente pra que eles não acreditassem. Eles não analisaram nada, não pesquisaram nada de (em) Jesus antes de deixarem claro que eles não o aceitariam. O que é simples sempre é e foi rejeitado ou colocado em segundo plano na história da humanidade.
Os modos simples de se viver na antiguidade foram sendo trocados por formas elaboradas e complicadas de organização, por exemplo: a educação das crianças era informal, porém eficaz, onde todos eram educadores ao invés de apenas alguns como acabou se tornando posteriormente, o que era caçado e obtido era divido entre todos de modo que sempre todos tinham muito tempo livre para desfrutarem da vida com qualidade, posteriormente as coisas foram se complicando de modo que desde muito tempo o homem quase não tem tempo livre pra viver com sua família, para desfrutar de lazeres etc., tudo isso por culpa das complexidades e complicações que foram sendo elaboradas e entrando em vigência.

Entretanto, quero dizer aqui que complicar as coisas é inerente ao ser humano, e eu e você não escapamos disso também, por tanto, passa a se tornar um esforço tentar manter a simplicidade e ver o bom na simplicidade.

Aceitar a simplicidade do evangelho e de Jesus é pra nós tão difícil que hoje se vê claramente na maioria dos lugares que se chamam de lugares de oração, culto e disseminação do evangelho uma caricatura do mesmo, uma caricatura complexa e cheia de detalhes de Jesus e seus ensinos. Por tanto, se faz necessário ler, meditar e aplicar o evangelho de Emanuel da mesma forma que ele mesmo fazia no seu tempo para os religiosos da época: fariseus, saduceus, escribas etc., se lermos MATHEUS 23 com coração aberto e livre das “interpretações autorizadas” dos “teólogos” de quase todos os tempos pós Jesus, podemos ver que tal texto se aplica muito aos líderes de hoje em dia. Mas, em outro texto estarei escrevendo detalhadamente sobre Matheus 23, hoje quero me limitar ao texto citado acima.

Jesus nasceu em um curral, que por definição, era fedido e sujo, viveu como carpinteiro e filho de carpinteiro, ou seja, humildemente, pregou uma mensagem revolucionariamente simples, pois, argumentou e confrontou pelo, com e sobre: amor, justiça, misericórdia e fé, que por essência, é simples, pois é convicção, certeza e confiança em Deus que não é patente de ser visto com os olhos físicos e nem de ser apalpado com as mãos de carne e osso, como diz em Hebreus, e ainda, como se não bastasse tudo o que foi dito pra atestarmos a simplicidade de Jesus, ele foi preso, condenado e morto como um marginal...

Estou fazendo essas lembranças aqui justamente pra demonstrar o quão simples foi a vida, a mensagem e a morte de Jesus e isso não foi aceito há 2000 anos assim como tem sido rejeitado desde sempre pela “religião”. Religião vem do grego religare e faz menção ao religar do homem com Deus, portanto, religare nada tem a ver com Religião nos dias de hoje, já que a única forma de homem se religar com Deus é através de Jesus, portanto se fôssemos dizer que temos uma religião deveríamos dizer, minha religião é Jesus, já que ele é quem faz o religare, porém não é o que se vê hoje, religião virou um termo pra designar grupos e segmentos diferentes, como catolicismo, islamismo, espiritismo etc. Porém, a “religião” que não é religare, pode ser tida hoje como uma só também, com caras diferenciadas, mas como uma coisa só, que dita regras, distorce as palavras de Jesus, se utiliza pelo Estado quando conveniente, briga com outros segmentos etc.

A “religião” que não é Jesus, ou seja, que não é religare construiu suntuosidades, criou um “papa”, criou o celibatário obrigatório a todos os sacerdotes, se apoderou da interpretação das escrituras, tudo isso em nome “Jesus”, agora, que Jesus é esse? Não é o Jesus a quem eu sirvo. Transformaram o evangelho em algo tão sofisticado, complexo e herege como nunca foi ensinado por Jesus. Posteriormente a “religião” sob outras formas, criou também um Jesus que dá medo e com o qual se faz barganhas, onde você dá o dízimo e ele se torna obrigado a devolver pra você em maior quantidade, transformaram Deus em capitalista, em alguns lugares, o líder virou “sumo sacerdote”, onde sua palavra, em não sendo acatada, acarreta em maldição (risos), criaram a maldição e a exclusão pra quem falta culto, pra quem não carrega a bíblia, pra quem não se veste do jeito ordenado, pra quem vê televisão (sobretudo novelas, risos), pra quem ouve música que não é da igreja, se tornaram os interpretes autorizados da bíblia, mas divergem muito na interpretação, pois se digladiam e se atacam desejando defender a sua visão das coisas, mas tudo isso acontece em detrimento do Evangelho Simples de Jesus, as Boas Novas que são tão simples que são inaceitáveis aos que acham que o que Jesus disse não era suficiente.

O que fica pra gente hoje é simples, mas não é fácil, é tentar nos libertar das complexas amarras ideológicas que fizeram de Jesus algo que ele não é e de seu evangelho definitivamente uma inverdade nem um pouco atrativa e apaixonante. Digo apaixonante e atrativa porque quando eu leio o evangelho do modo como ele está escrito, eu me apaixono e me deleito. Portanto, vamos ler tudo de novo e quantas vezes for preciso, vamos protestar contra falsas afirmações acerca de Jesus, não pra parecermos protestantes, mas somente, pra deixarmos claro que o Evangelho é lindo e nos cativa com cordas humanas e laços de amor dia após dia.

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